Andei comentando pelas redes sociais que estava escrevendo um projeto da faculdade sobre o tema "Transtornos Alimentares". Como aqui no blog eu costumo falar um pouco de moda, beleza, padrões estéticos, achei legal abordar um tema de cunho mais sério. Transcreverei pra cá alguns trechos que escrevi na minha pesquisa, que acho que pode interessar vocês, a respeito da mídia e sua influência na imagem corporal. Espero que gostem.A mídia é uma grande contribuinte para o surgimento de distúrbios da imagem corporal e existem estudos e evidências que comprovam essa afirmativa. Grande parte dos indivíduos possuidores dos transtornos alimentares é pressionada pela mídia para alcançar o corpo ideal e o padrão proposto e, para tanto, busca técnicas drásticas e prejudiciais (indução de vômitos, ingestão de laxantes, exercícios físicos rigorosos, dietas drásticas). A sociedade tem se apegado, cada vez mais e com maior intensidade, a conceitos de
perfeição, idealizando um corpo magro imposto como modelo estético. E tem rechaçado cada vez mais aspectos de imperfeição, principalmente ligados à aparência. Isso se torna claro quando entramos em outras discussões, como por exemplo, a do
bullying.
As crianças e adolescentes estão sendo inseridas nesse “modelo” cada vez mais precocemente. A criança adquire estes valores do meio social em que está inserida, repetindo padrões de comportamento que estão no seu entorno, e esse processo de aprendizagem em sua maior parte não é intencional ou consciente. Um dos exemplos disso é as tão queridas e desejadas
Barbies, criadas por volta de 1958. A boneca, portadora das medidas corporais “ideais” e desejadas pela maioria das mulheres, fez com ela fosse ícone da infância feminina durante várias gerações. Além da aparência, ela também traz uma ideal de preocupação excessiva com o corpo, visto que sempre vem acompanhada de maquiagens, roupas e acessórios. Embora seja apresentada em funções profissionais, uma de suas maiores qualidades é a beleza, seu corpo perfeito, sua pele branca, seus cabelos loiros e lisos, os olhos claros e seu estilo de vestir, sempre seguindo a moda da época. Ou seja, além do padrão de magreza, há ainda a pressão para que sigam os padrões secundários: de serem jovens, brancas, com cabelos lisos, loiros e traços europeus.
Em um estudo realizado nas ilhas Fiji, foi avaliado o impacto da
televisão na vida de adolescentes e as atitudes e mudanças comportamentais advindas como consequência. O estudo foi dividido em duas etapas: a primeira em 1995, quando eles não possuíam acesso à mídia televisiva; e a segunda em 1998, já com três anos em contato com a televisão. Os resultados mostraram que os indicadores de transtorno alimentar subiram após 1998, e os jovens passaram a demonstrar maior interesse em perder peso, sugerindo assim um aspecto negativo da mídia em relação à construção e à distorção da imagem corporal.
Devido a essa grande influência da mídia formadora de opinião, ou seja, que tem a capacidade de influenciar e modificar a opinião de outras pessoas, é que se deve analisar e ponderar sobre as informações que se passa à população. Em Maio de 2013, a revista
Vogue publicou uma matéria de título “Comer pra quê? Fazer jejum está na moda. Saiba mais sobre a dieta da vez.”. O conteúdo abordava uma nova dieta, popular entre celebridades, que consiste em jejuar de 1, 2, até 10 dias no mês, visando uma desintoxicação do organismo e a facilitação da perda de peso. Essa dieta é inspirada na alimentação da era paleolítica, dos “homens das cavernas”. Em um de seus argumentos, a revista afirma a seguinte teoria: “É fato: o segredo da longevidade é comer pouco, e pesquisas na área vêm confirmando isso.”. Ao fim da matéria, o médico endocrinologista Bruno Halpern, coordenador da liga de Dietas do Hospital das Clínicas de São Paulo, vem dizer que “se a dieta da era paleolítica fosse boa como dizem, as pessoas não viveriam tão pouco naquela época, 25 anos em média”. Vê-se nesse conteúdo uma grande falta de responsabilidade, já que matérias como essa, que apesar de citar falas médicas, estão estampadas em revistas não-científicas e de grande influência na população feminina, principalmente por ser uma revista de moda. Temas como esse são de livre interpretação e podem abrir em mulheres a ideia de que ficar sem comer é a única forma de emagrecer. E ainda, que a moda é fazer dietas para se atingir a “longevidade”, o corpo ideal.
Perder peso vem sendo usado como sinônimo para “ficar mais bonita”, ser independente, feliz, ter um relacionamento amoroso, ter poder, determinação, etc. Enquanto o gordo é representado na mídia como um personagem cômico ou que deve emagrecer para se encaixar no que é o correto. Muitas vezes, as pessoas utilizam a máscara e “desculpa” de que os gordos não são “saudáveis” e, por isso, devem perder peso, tentam provar que é uma questão de “saúde”, quando na verdade o que fala mais alto em seu argumento é a estética. Atualmente, são, basicamente, as passarelas e as revistas que determinam as normas do que é um corpo perfeito. Para os padrões de nossa época, mulheres como Marilyn Monroe, por mais atraentes que fossem, seriam julgadas gordas. As mulheres com curvas acentuadas, seios fartos, que antes eram bem-vistas na sociedade vêm sendo cada vez menos idealizadas. Com o passar das décadas veio o uso de espartilhos, para diminuir cada vez mais o diâmetro da cintura. Atualmente o que se vê são cirurgias plásticas, dietas incentivadas pela mídia (muitas vezes prejudiciais) e exercícios físicos exagerados.
Sendo assim, pode-se notar que, o corpo foi se transformando em objeto de consumo ao longo da história e o ideal de beleza também foi mudando de acordo com a época. O corpo ideal é algo que todos desejam ter, a beleza se tornou sinônimo de felicidade, sucesso e aceitação no meio social. Quando as pessoas não conseguem atingir esse ideal proposto (ou imposto), recorrem a medicamentos, processos cirúrgicos, receitas mirabolantes, entre outras atitudes prejudiciais à saúde física e psíquica. Fica claro, então, que os ideais culturais de nossa época e a sua disseminação através da mídia têm influenciado sim para uma distorção da imagem corporal dos indivíduos, gerando sofrimentos como a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa.
Após essa discussão eu falo um pouco sobre a anorexia e bulimia na história (desde a Antiguidade até os dias atuais). Quem se interessar é só falar que posso postar por aqui também. Espero que tenham gostado!