Algumas mulheres em todo o mundo se orgulham tanto de sua condição que seguem uma filosofia de vida chamada "Sagrado Feminino". Esse estilo de vida - que vem sendo adotado pelo público feminino há milênios - oferece ensinamentos sobre nosso corpo, nosso emocional e nossos ciclos femininos, e ainda orienta de que forma podemos harmonizá-los com a natureza.
Isso significa que quando as mulheres passam a se desligar um pouco do mundo tecnológico e rotineiro, ou seja, buscam descobrir mais sobre si próprias, se interiorizando, percebendo melhor seus instintos, suas vontades e seus ciclos femininos (como a menstruação e a gestação), elas relatam que o mundo a sua volta - e aquele que existe dentro delas - parece mudar. É como se uma nova consciência as abraçasse.
Sagrado Femininoé um resgate e ao mesmo tempo uma reorientação de uma sabedoria natural e antiga que reintegra aos valores do feminino como um todo, no campo social, pessoal, psicológico, religioso, espiritual, cultural, educacional, etc além de um encontro com uma consciência ecologicamente e eticamente correta.
Mas, o que seria esse FEMININO?
Primeiro, precisamos entender o que seria esse Feminino. Porque percebo muitas mulheres que resistem a adentrar qualquer trabalho voltado para mulheres, por uma profunda rejeição às coisas de mulheres. Àquelas coisas sabe: engravidar, usar rosa, ser sensível e acolhedora, usar maquiagem, falar de homem e fazer brigas de travesseiro de lingerie, comer só salada durante um encontro amoroso…. não? Não, é claro que não!!! Para realmente entendermos o Feminino, é preciso parti-lo ao meio, picá-lo em muitos pedaços e desfragmentar todos os conceitos, pré-conceitos, dogmas, valores e registros sobre o que é feminilidade e o que é da mulher. Somente quando jogamos tudo isso em uma lata de lixo é que poderemos começar a de fato entender e futuramente ser um
Feminino autêntico, que irá “bater às portas” do Sagrado.
A ressignificação do que é ser mulher, vai de total encontro ao que é o feminino. Porque até hoje, relacionamos isso diretamente ao que define um gênero. Ou seja, isso é coisa de mulher e isso é coisa de homem. Mulher pode isso. Mulher não pode aquilo. Quando fazemos isso, vamos naturalmente colocando dentro de um quadrado o que valida o feminino e o que o desqualifica, e naturalmente,
restringimos à expressão do feminino nas mulheres e também nos homens. O Sagrado Feminino está além de questão de gênero, porque é uma energia, um poder e uma força que habita todos, sem distinção. Há um imenso poder dentro de nós que contêm todas as nossas capacidades, potencialidades e latências inerentes, com um poder de transformação e uma característica peculiar inerente das nossas próprias forças. Apesar de estar relacionada com o feminino, não está relacionada com gênero, mas sim com a força e poder da energia feminina dentro de cada um de nós: homens e mulheres.
O conhecimento do Sagrado Femininoé adquirido através de livros, cursos e grupos de estudos chamados de "círculo de mulheres". Nesta filosofia, as mulheres estudam um conceito diferente sobre si próprias, que engloba os aspectos emocionais guardados no corpo, a sintonia entre a menstruação e as fases da lua, a veneração das Deusas de todas as mitologias e a semelhança delas com cada mulher, assim como a influência que a natureza tem sobre nosso corpo e psique.
Quando a mulher passa a enxergar em si essa manifestação da própria Mãe Terra, Mãe Natureza, o arquétipo da geradora e nutridora, ela percebe em si os ciclos iguais aos da terra, entende e fica receptiva a grande energia criativa e fértil que flui no corpo e na mente. Isso começa mudar sua consciência, sua auto confiança, auto estima e seu poder interior. Esta é a grande força do sagrado feminino, fazer emergir a essência, redescobrir a história, a cultura, a sabedoria e poder ancestral esquecido. Fazer a mulher se familiarizar com a essência divina interior, compreendendo e aceitar os ciclos naturais do seu corpo, sua mente e sua alma.
Nesta filosofia de vida, as mulheres passam a valorizar mais seus ciclos naturais, como a menstruação, a maturidade, a gestação, o parto e a amamentação. No entanto, não são induzidas a serem radicais ao viver esses períodos ou exercer determinadas funções. O valor está em aceitar a naturalidade das coisas, seu histórico de vida, vontades e capacidades. Aprendendo a se conhecer de forma mais profunda e a aceitar os acontecimentos da vida e a si mesma, as feridas começam a ser curadas e as mulheres podem passar a se aceitar melhor.
As mulheres que seguem essa antiga e eterna tradição ou ‘sabedoria natural’ que inclui intuição, cura, interação, energias cíclicas de criação, sustentação e transformação, conexão com as forças da natureza,poderes e consciências superiores; quebram os padrões e realinham-se suas raízes e ao proposito superior da feminilidade auxiliando e promovendo a cura do planeta e do coração humano, auxiliando nessa nova vibração e ciclo evolucionário planetário.
O uso de rituais, consagrações, simbologia ou mitologia, pode ajudar algumas mulheres a conectarem, manterem e potencializarem sua conexão com esta rede, porém cada mulher, desde que bem conscientes, podem seguir suas próprias práticas e chegam ao seu encontro profundo da forma que mais se sentirem a vontade.
Você não encontrará o “sagrado feminino” num workshop com fogueiras e cantos, danças e pinturas. O feminino sagrado é a Deusa em você, é Deus ao feminino em você que exige seu compromisso e sua lealdade. É começar a reconhecer como sagrada sua voz interior, começar a se ouvir, começar a deixar as tramóias de lado e ser honesta, transparente, impiedosamente transparente consigo mesma.
“Recuperar o sagrado feminino em nós significa deixar a nossa vida criativa
florescer; nossos relacionamentos adquirirem significado, profundidade e saúde; nossos ciclos da sexualidade, criatividade, diversão, e trabalho serem restabelecidos. Nós temos o dom inato de dispor de uma observadora interna permanente, uma sábia, uma visionária, um oráculo, uma inspiradora, uma intuitiva, uma criadora, uma inventora, e uma ouvinte que guia, sugere e estimula a vida vibrante nos mundos interior e exterior. Nós somos isso e muito mais!”
– Clarissa Pinkola Estés
Por fim, deixo como dica 3 livros sempre muito bem indicados para quem quer começar a estudar e se aprofundar um pouco mais na temática. A autora Claissa Pinkola Estés é icônica e referência quando se trata desse assunto.
É isso, espero que tenham gostado de conhecer um pouco sobre esse assunto. E, pra quem quiser, há um grupo incrível no Facebook para interação e discussão do qual participo: Sagrado Livre Feminino.
» imagens: dean raphael