Quando escrevo denunciando um tipo de comportamento negativo, quando escrevo sobre ser prisioneira do padrão de beleza da mídia, autoestima, sobre consumismo, minimalismo e preconceito, não estou escrevendo de cima para baixo, como uma guru intocável que conseguiu atingir um comportamento perfeito falando para os pobre-coitados lá embaixo que ainda não chegaram ao seu nível de iluminação. Pelo contrário, estou falando a partir dos subterrâneos, do meio da multidão, como mais um roto entre tantos esfarrapados; estou falando justamente da batalha diária que travo comigo mesma, todo dia, o tempo todo, para ser menos consumista, menos egoísta, menos superficial, menos vaidosa e mais auto-confiante. O único dedo que aponto é para mim mesma. Sempre.
Não sou guru, não sou perfeita. Sou profundamente egoísta, vaidosa, ciumenta, intrinsecamente autocentrada, preguiçosa. Mas talvez, e essa é minha esperança, não para sempre.