Fique nua na frente de um espelho por bastante tempo, sob uma iluminação desfavorável, se possível. Trace as subidas e descidas das pequenas ondulações de sua pele – as cicatrizes, as covinhas, a celulite – e pense sobre o quanto você tenta esconder essas coisas no seu dia-a-dia. Pergunte a si mesma porque você as odeia tanto, e se esse ódio decorre de algum lugar de dentro de si mesma ou como um resultado de ter sido dita durante toda a sua vida que é errado ter defeitos físicos. Pergunte a si mesma o que você acharia do seu corpo se você nunca olhasse para uma revista, se nunca pensasse sobre celebridades e modelos, se nunca tivesse que se perguntar como alguém a classificaria em uma escala de 0 a 10. Olhe para si mesma até que a retração inicial se suavize, e você possa considerar as suas características em um estado mais indulgente de espírito.
Ouça uma música que faça você querer tanto soluçar como dançar com alegria desinibida e permita-se repetir qualquer música que você queira quantas vezes seu coração desejar. Pense na pessoa que você é quando sua música favorita está tocando em seus fones de ouvido e você está andando por uma rua que você sente que possui completamente, balançando os quadris e sorrindo sem qualquer razão – lembre-se de quantas coisas você ama em você mesma durante esses momentos, sobre o quanto você está disposta a se perdoar, sobre o quão confiante você está sem motivo algum. Tente pensar na confiança como um presente que você dá a si mesma quando precisa, em vez de algo que você tenha que desviar de todas as fontes não confiáveis em sua vida. Dance porque te faz lembrar do quanto você ama a si mesma, e não porque isso te permite esquecer o fato de que você não ama.
Escreva uma lista de todas as coisas que você gosta em si mesma, mesmo que você ache que é uma atividade auto-indulgente e narcisista. Comece o mais rápido possível – coloque aquela vez em que ganhou um troféu jogando na liga mirim de futebol quando você tinha oito anos e, em seguida, ganhou um milk-shake tamanho extra-grande no caminho de casa, e não sinta-se boba por lembrar disso. Tente entender de quantas fontes a felicidade pode vir na sua vida, de quantas coisas você poderia ser motivo de orgulho se você escolhesse. Pergunte-se porque você tão firmemente limita as coisas das quais você se orgulha. Pergunte-se porque você define seus próprios obstáculos para a sua felicidade e satisfação muito mais do que você faz com qualquer outra pessoa em sua vida. Deixe que sua lista continue por páginas e páginas, se você o quiser.
Toque e cuide de você mesma com a mesma atenção e paciência que você cuidaria de alguém que amou mais que a própria vida. Espalhe hidratante nos seus ombros e mãos em pequenos movimentos circulares quando estiver frio e sua pele estiver seca e rachada. Faça uma sopa pra você mesma quando seu nariz estiver escorrendo e enrole-se, com seu filme preferido, em uma pilha de travesseiros habilmente empilhados. Acenda algumas velas e deixe seu brilho cintilar contra seu corpo. Admire o quão suaves são, e como seu calor delicadamente lhe toca – questione o porquê de você não permitir que você mesma faça isso. Mergulhe seus pés em água quente no final de um longo dia, até que eles a perdoem por andar com eles por tanto tempo sem sequer um “obrigada”. Ouça o seu corpo quando dói ao ser tocado, e não tenha medo de dar a ele cada orgasmo que você pode ter tido vergonha de pedir na cama de outra pessoa.
Seja paciente com você mesma, e não se preocupe se um interruptor não ligar de imediato em você, que bruscamente te levará de um “inseguro incapacitado” a um “narcisista intransigente”. Permita-se toda irregular extravagância que você permitiria a um estranho promissor. Tente apenas ser mais gentil, mais suave e lembre-se de todas as coisas dentro de você que valem a pena amar. Escute a voz na parte de trás de sua cabeça, que lhe diz coisas, tanto de tristeza como de raiva: “Você é feia. Você é estúpida. Você é chata.”. Dê-lhe o fugaz momento de atenção que ela tanto almeja, e em seguida, lembre-a: “Mesmo que isso fosse verdade, eu ainda valeria a pena amar”.
Texto por Chelsea Fagan. Via Mescla Blog