Julho é o mês da Frida Kahlo, nascimento dia 06 e morte dia 13. Pra não passar em branco, vou contar um pouco da história dela, que é cheia de percalços, sofrimento e me inspira muito. Ela foi uma mulher extremamente forte, resignada, com uma luta política, talentosa como artista plástica, entre outras qualidades. Utilizarei aqui a série de posts sobre a Frida que a loja FRIDA la tienda fez no Instagram entre os dias 06 e 13, resumidamente. Só vou adicionar fotos porque Frida sem as cores dela fica muito injusto. E preparem-se porque o post será longo!
Falar de Frida Kahlo sem falar do seu amor por Diego Rivera, não é falar de Frida. Ele, socialista, foi o pintor mexicano mais importante do século 20. Ele era forte, alto e 21 anos mais velho, mas os dois formaram o casal de artistas mais original da época. Frida amargou muitas amantes do marido, seu grande amor e reconhecido mulherengo. Mas também viveu romances paralelos com mulheres e homens, o mais famoso foi com o revolucionário russo León Trotski. Sim, Frida Kahlo era "bissexual", em uma época em que a simples forma de ser aberta com a sexualidade era mal vista.
Em 6 de Julho do ano de 1907 nascia em Coyoacan, no México, Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon – Frida Kahlo. Ela viveu uma vida cheia de tragédias, quase uma novela mexicana de verdade. Quando tinha 6 anos teve poliomelite, que deixou uma lesão no seu pé direito. Por isso ela usou por muito tempo calças e saias longas, que depois viraram sua marca registrada.
Quando tinha somente 18 anos, sofreu um acidente de bonde e teve grande parte do seu corpo perfurado. Um ferro atravessou seu abdômen, a coluna vertebral e a pélvis. Ela sofreu múltiplas fraturas, passou por várias cirurgias (acredita-se que por 35) e ficou muito tempo presa à uma cama. Frida se achava o retrato da má sorte: "E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas as chagas do mundo". Sua mãe colocou um espelho no topo de sua cama. Foi aí que Frida começou a pintar freneticamente. Frida sempre pintou a si mesma: "Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor".
A artista plástica retratava em seus quadros suas dores, perdas e os conflitos emocionais que vivia. Diziam que o estilo de dona Kahlo era completamente surrealista, porém, ela mesma sempre respondia às pessoas: "Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei minha própria realidade". Suas obras nada mais eram do que reflexões de momentos que passava.
A Corsa Ferida
Pintura: Diego on My Mind
Apesar das traições do marido (até com sua irmã ele a traiu), a maior dor de Frida foi a impossibilidade de ter filhos (embora tenha engravidado mais de uma vez, as sequelas do acidente a impossibilitaram de levar uma gestação até o final), o que ficou claro em muitos dos seus quadros.
E a letra da Calcanhoto, que cita Frida, e que deu origem ao nome do post:
Hospital Henry Ford ou A cama voando
No ano de 1930, perde sua mãe, Matilde, vítima de câncer. Em 1939 Frida Kahlo faz sua primeira exposição individual em Nova York, sucesso de crítica. Em seguida, segue para Paris. Conhece Pablo Picasso, Marcel Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. O museu do Louvre adquire um de seus auto-retratos.
Nos anos seguintes seu estado de saúde piorou, e o colete antes de gesso, foi substituído por um de ferro que dificultava até a sua respiração. Passou por várias cirurgias na coluna que inflama por conta do colete. Mas continua pintando. Os médicos diagnosticam a amputação da perna e ela entra em depressão.
“Pés para que os quero, se tenho asas para voar.” – Quando tiveram que amputar seu pé.
Frida Kahlo sempre quis expor suas obras em seu país de origem. A oportunidade ocorreu 12 dias antes de sua morte. Frida estava proibida pelo médico de sair da cama, como havia feito para participar de uma manifestação. Surpreendeu a todos quando apareceu em sua exposição, carregada em cima de sua cama.
Na madrugada de 13 de julho de 1954, Frida, com 47 anos, foi encontrada morta em seu leito. Oficialmente, a morte foi causada por ‘embolia pulmonar’, mas há suspeita de suicídio. No diário, deixou as últimas palavras: ‘Espero alegre a minha partida – e espero não retornar nunca mais.’
60 anos depois de sua morte, Frida não retornou, mas sua figura prevalece até hoje como uma estrela, que mostra seu brilho mesmo depois de ter se extinguido. Frida era uma mulher à frente do tempo dela, forte, ousada, linda da sua própria maneira, extremamente talentosa, destemida e apaixonada! Até hoje é adorada no mundo inteiro e uma referência feminina de luta e determinação.
Sua maneira de se vestir, e o estilo que a caracteriza, foi uma sugestão de Diego. Os coloridos vestidos típicos, as flores e tecidos adorando os cabelos e sua "monocelha" fizeram com que seu estilo virasse uma marca própria e singular, jamais encontrada.Pra quem quiser conhecer mais sobre ela, sua obra e sua história, existem muitos livros - sobre sua vida, seu diário, suas fotos, entre outros. Tem também o filme de 2002, muito bem estrelado pela Salma Hayek, que conta na linguagem do cinema um pouco sobre a trajetória de Frida. Pra quem for ao México um dia, tem também La Casa Azul que era a casa onde os pais da Frida moraram e hoje é um museu dedicado a ela! Eeee pra quem mora em Curitiba ou redondeza, não pode perder a mostra ‘Frida Kahlo – As suas fotografias’ no MON - Museu Oscar Niemeyer – ficará até o dia 02 de novembro, são 240 fotos do acervo da Frida, imperdível! Queria muito ir :(
Algumas citações da mesma:
- "Intenté ahogar mis dolores, pero ellos aprendieron a nadar"
- "Bebo para olvidar, pero ahora... no me acuerdo de qué."
- "Amurallar el propio sufrimiento es arriesgarte a que te devore desde el interior."
- "Lo que no me mata, me alimenta."
E a letra da Calcanhoto, que cita Frida, e que deu origem ao nome do post:
E aí, quem conhecia? Gostaram do post? Espero que sim.
Beijos e bom domingo a todos!