Nessa noite de domingo eu me vi obrigada a assistir um filme de romance, pra ver se preenchia em mim esse vazio de romantismo que o mundo está vivendo. Lá fui eu assistir pela trigésima vez "De Repente é Amor". Porque sim, esse filme me traz boas memórias. Porque o sorriso do personagem principal me lembra exatamente o seu e porque a história cheia de voltas e reviravoltas se encaixa perfeitamente na nossa. Hoje eu ouvi Charlie Brown, mesmo sem gostar. Porque sim, me lembra nossa adolescência. Porque sim, os acordes me lembram você tocando violão e cantando da forma mais desafinada possível.
Essa semana tive uma vontade louca de te escrever uma carta, conseguir seu endereço de alguma forma e te enviar por Correio, sem remetente. Tenho certeza que você reconheceria minha letra. Sabe, não te persigo nas redes sociais, mas confesso que de vez em quando olho seu perfil, só pra conferir se você está bem.
A falta de tempo, a falta de amor no mundo me faz lembrar a explosão que acontecia toda vez que a gente se via. Bastava um olhar, daqueles bem fundos nos olhos, que ninguém mais sabe dar. Sinto falta das suas mãos ásperas, dos seus lábios rachados e do seu cabelo sempre bagunçado, por mais que você o penteasse.
A gente seguiu rumos diferentes, assistindo a tudo isso de camarote, sem mover um dedo pra que isso mudasse. Não sei onde foi que isso começou a acontecer, não sei quando foi que deixamos de tentar. De repente você decidiu que queria acordar do lado de outra pessoa e eu permaneci estática observando a tudo isso de longe, enquanto controlava o que dentro de mim eu sabia ser uma pontada de ciúmes. E eu segui cada passo seu, com essa dor dando passadas junto comigo e pisoteando meu coração. Eu acompanhei cada viagem de vocês, cada encontro, cada foto feliz tirada no espelho. Durante muito tempo isso me tomou como uma doença.
Aos poucos tentei me afastar, e consegui. Me desvencilhei sempre mais das coisas que me lembravam você, até esquecer quais eram essas coisas. Mas sempre, sempre existe uma montanha russa ou uma maré de memórias dentro de mim que vão e voltam e não me deixam te esquecer. Às vezes elas voltam como furacão, como nessa noite de domingo. É tarde, amanhã é segunda-feira. Preciso dormir. Será que você deixa?