De uns tempo pra cá comecei a ver novamente algumas imagens desse tipo de bordado rolando pela web. Até que, em um grupo que participo, uma moça postou uma foto de um bordado e resolvi perguntar pra ela do que se tratava. E foi aí que descobri que essa "técnica" se chama Bordado Livre e foi exatamente essa ideia que me chamou tanto a atenção.
BORDADO LIVRE
O bordado livre é chamado dessa forma porque não trabalha com pontos contados como, por exemplo, o ponto de cruz e o vagonite. Compreende inúmeros pontos diferentes, existem mais de 500 pontos diferentes para bordado livre. Esses pontos são feitos sobre um tecido cuja trama não é uniforme. Deve ser um tecido, no tamanho que lhe convier, espaçado a olho, o que permite mais criatividade. A escolha dos pontos depende de cada pessoa, embora alguns sejam usados de forma mais específica que outros.
A ideia é preencher algum desenho criado sobre a trama. Pra isso os pontos são bordados seguindo o contorno traçado com lápis de marcar solúvel em água ou qualquer outro material (como carbono) cujas marcas desapareçam posteriormente. A dica é usar sempre um bastidor para evitar que o tecido se enrugue. Quanto à linha, é mais indicado se use linha de bordar do que as outras, como de tricô (mas há quem as use!).
CLUBE DO BORDADO
Tempo depois, por coincidência ou força do destino, fuçando no Instagram maravilhoso "Mulheres que Inspiram" (se você não conhece, precisa conhecer!) encontrei a história das meninas do "Clube do Bordado". Segue ela:
Um grupo de 6 amigas, há quase 2 anos, começou a se encontrar pra bordar. Os encontros renderam pontos, conversas e ideias de coleções temáticas - e o que era hobby virou negócio. Camila, designer de moda, aprendeu a bordar com a mãe ainda na infância e, no @clubedobordado, foi a professora da maioria. Renata e Laís, designers e amigas de longa data, foram responsáveis por convidar e organizar os encontros do Clube. Vanessa e Marina, também designers de moda, uniram o interesse pelo feito à mão com boas sacadas de marketing. E Amanda, jornalista, nunca tinha feito trabalhos manuais até se juntar às amigas e usar os desenhos e técnicas para sair da zona de conforto. Os encontros acontecem semanalmente nas casas das bordadeiras, sempre às quartas-feiras. Como um negócio, o @clubedobordado é fechado entre as seis sócias, mas elas fazem workshops e encontros abertos para conhecer outras bordadeiras e compartilhar conhecimento. "A nossa primeira coleção #sotfporn fez tanto sucesso que as encomendas dos bordados se estenderam pelo restante de 2014. A partir disso, nosso trabalho foi reconhecido, recebemos apoio e ganhamos espaço em revistas e programas de TV. Por enquanto trabalhamos em coisas diversas, cada uma com sua especialidade, em marcas de moda e comunicação. Mas a vontade de todas é poder dedicar cada vez mais tempo ao @clubedobordado”. ❤️ Parabéns pela ideia, meninas! Vamos ficar na torcida pra que os bordados mais indiscretos e exclusivos de todos os tempos ganhem ainda mais admiradores!
Foi principalmente essas moças que me inspiraram a correr atrás de aprender essa maravilhosidade!
O Clube faz encontros abertos, picnics e já realizam oficinas e workshops. Pra saber de tudo, é só acompanhar o Facebook, Instagram ou Tumblr do coletivo.
BORDADO RIOT (OU FEMINISTA)
O que me chamou atenção na maioria dos bordados que tenho visto de um tempo pra cá é que eles tem seguido o estilo "riot", ou "feminista". Essa forma de se criar bordados surgiu no exterior, com o nome de riot embroidery, mas está ganhando cada vez mais espaço no Brasil.
"Essa técnica artesanal, antes considerada coisa de vovó, que um dia foi apenas decorativa, com florzinhas, animaizinhos e dias da semana (quem nunca viu um pano de prato bordado terça-feira?) se transformou em algo lindo e poderoso. Esse novo bordado é uma forma de empoderar mulheres, porque tentam abordar temas como masturbação, tipos diferentes de corpos, sexualidade, questões de gênero, liberdade e autoestima feminina. O bordado também é uma forma de expressar a criatividade e a comunicação e uma forma de levantar questionamentos que são considerados tabus. Mesmo que repaginado, também é uma forma de manter a tradição daquela velha história do conhecimento que passou de mãe pra filha."(Girls With Style)
"Essa técnica artesanal, antes considerada coisa de vovó, que um dia foi apenas decorativa, com florzinhas, animaizinhos e dias da semana (quem nunca viu um pano de prato bordado terça-feira?) se transformou em algo lindo e poderoso. Esse novo bordado é uma forma de empoderar mulheres, porque tentam abordar temas como masturbação, tipos diferentes de corpos, sexualidade, questões de gênero, liberdade e autoestima feminina. O bordado também é uma forma de expressar a criatividade e a comunicação e uma forma de levantar questionamentos que são considerados tabus. Mesmo que repaginado, também é uma forma de manter a tradição daquela velha história do conhecimento que passou de mãe pra filha."(Girls With Style)
Não me considero feminista ativista, mas essa ideia de utilizar o bordado como uma ferramenta de empoderamento é pra lá de linda, não é mesmo?
COMEÇANDO A APRENDER
E foi a partir de todas essas descobertas maravilhosas que decidi que queria aprender esse bordado libertador da criatividade. Postei no meu Facebook uma imagem, perguntando se alguém sabia fazer aqueles tipo de pontos ou se conhecia alguém que soubesse. Choveram comentários de pessoas lindas. Descobri que minha avó (pasmem!) e minha vizinha sabem fazer, recebi indicação de curso aqui na minha cidade e comentários fofos. Pouco tempo depois, decidi pesquisar no Youtube e descobri uma infinidade de vídeos legais e instrutivos, mas o que me deixou mais apaixonada foi o canal/blog Bordados de Coração. Eles ensinam todos os pontos que quero aprender e decidi que iria tentar sozinha antes de recorrer às pessoas que se dispuseram a me ajudar (sempre acho que vou incomodar).
Além do canal também descobri livros maravilhosos que estão na minha wishlist:
Eu sempre valorizei muito trabalhos manuais (já contei no post do "Compro de quem faz")! Quando era criança minha mãe me ensinou a bordar ponto de cruz, fiz aulas de pinturas em tecido, mas de uns tempos pra cá me afastei muito dessa minha origem. Parece que o mundo está cada vez mais entrando na onda de valorizar o feito à mão (ainda bem) e retomar antigos hábitos, que ajudavam as pessoas a relaxar, ao mesmo tempo em que criavam algo pra si. E, como pode, algo tão simples e tão lindo como o bordado voltar à cena com tom político?
Por enquanto estou só treinando pontos, mas assim que eu criar alguma coisa eu compartilho com vocês.