Na verdade essa ideia vem me perseguindo há algum tempo. Comecei deixando de colocar internet no celular e fazendo decluttering nas redes sociais: deixando de seguir e desfazendo amizades que não me acrescentavam nada. Acontece que isso não bastava pra mim, eu precisava ir um pouquinho mais além da simples "limpeza".
Eu tenho a péssima mania de checar notificações, não posso ver sequer um pontinho vermelho lá em cima que já clico pra ver e desmarcar. Fecho e abro mil vezes a janela do Facebook, num movimento quase doentio. Tenho também a péssima mania de stalkear mil pessoas que admiro, pra ver o que elas andam compartilhando, etc., o que me faz perder um enorme tempo, que poderia estar sendo empregado em outras atividades.
Quando decidi que iria desativar minha conta, meu primeiro receio não foi perder comunicação, porque eu nem sou de conversar tanto via Facebook. Meu medo era perder a Fanpage do blog, que é um canal de divulgação muito grande e eficaz, pelo menos pra mim. Mas acabei me convencendo que isso era o de menos e que eu poderia arrumar outras formas de divulgar o blog.
Outro receio que surgiu foi o de perder uma fonte de informação ótima. Sempre encontrei ótimos artigos, matérias interessantes, conheci coisas novas, pude debater muito sobre diversos assuntos em diversos grupos. Além de entreter, confesso que o Facebook também me trouxe muito conhecimento. Embora ele seja um lugar repleto de coisas "inúteis", memes, correntes, fotos narcísicas, há aqueles amigos mais cults que compartilham links bacanas e grupos interessantes também. Só que parei pra pensar que dentro do Facebook as informações é que chegam até mim, de forma mastigada na maioria das vezes e aleatória. Seja por compartilhamento, através das Fanpages que curto, dos grupos que participo, etc. Ao deletar a conta percebi que teria de ir em busca das informações, fosse por youtube, bloglovin, sites propriamente ditos, etc. Dessa forma também pude afunilar mais a quantidade e a qualidade das informações, pois somente irei atrás do que REALMENTE me interessar no momento.
Ao deletar a conta também tive que colocar em mente que o objetivo era me livrar das redes, e não substituir essa por outras. Ou seja, não sair do Facebook e ficar viciada em pinar no Pinterest, por exemplo. Ou viciar em Instagram.
Dia 1:
Deletei pelo celular e logo em seguida estava tentando, por força do hábito, entrar no aplicativo Facebook. Quando liguei o computador, a primeira aba que abri foi... Facebook. Comecei a digitar na barra de endereço e, antes de completar, caí na real e ri da minha cara. Fiquei com uma sensação um pouco de vazio, bateu uma saudade da Fanpage, mas nada demais. Aproveitei a impossibilidade de entrar na rede pra fazer um levantamento bibliográfico pro meu TCC, nível hard! No fim do dia me senti extremamente útil e realizada por ter conseguido cumprir com esse meu plano.
Não comentei com ninguém sobre minha saída da rede. Número de pessoas que perceberam (ou comentaram) que eu deletei o Facebook: 0. Minha mãe disse que estava com problema pra ver uma publicação que eu tinha marcado ela (antes de deletar), e acabei tendo que contar.
Saldo do dia: talvez eu estivesse desperdiçando tempo demais; e ninguém tem 1.200 amigos, ninguém é tão popular quanto pensa. Nem minha mãe sentiu minha falta.
Dia 2:
No celular foi estranho: chequei email, respondi mensagens no whatsapp e depois simplesmente não tinha mais nada pra fazer ali naquele aparelho. Joguei ele de lado e esperei mais emails e mais mensagens. Minha bateria agradeceu muito.
Outra coisa: quando não tive nada pra fazer, precisei correr atrás de uma coisa interessante pra fazer. Olha só que maravilha! Ao invés de rolar o feed até dar erro, travar, e não descer mais, fui caçar um livro, escrevi coisas lindas aqui no blog, estudei, etc. As redes sociais se mostram sempre as melhores amigas daqueles 10 minutos de espera que aparecem inadvertidamente no dentista ou no ponto de ônibus, mas, você consegue outras formas de distração, eu garanto!
Saldo do dia: tempo preenchido de outras formas. Você precisa BUSCAR uma atividade de entretenimento.
As interrupções são menos constantes sem Facebook. Não fiquei mais parando toda hora meus trabalhos importantes pra zapear o Facebook (tá que de vez em quando ainda faço isso no instagram) e as notificações tentadoras não existem mais. Pessoas inconvenientes não ficaram mais abrindo janela pra conversar coisas sem sentido porque só meus amigos mesmo ainda conseguem manter contato comigo por whatsapp, já que não sou de ficar passando meu número pra todo mundo, só pros mais íntimos mesmo.
Quando precisava fazer uma pausa, me dedicava a outro tipo de tarefa, como preparar e tomar um cappuccino, fazer um alongamento, brincar com meu irmão, etc.
Me senti meio deslocada quando quis compartilhar uma música que estava ouvindo e não tinha onde postar. Isso me fez repensar de onde vem essa necessidade de compartilhar tudo o que vemos/gostamos. Não compartilhei, guardei só pra mim e não me senti pior por causa disso.
Situação engraçada do dia: meu namorado falou pra eu entrar no Facebook pra conversarmos melhor. Dei um piti achando que ele não tinha notado minha ausência. Ele disse que percebeu desde o primeiro dia, mas não falou. Ele estava pedindo na verdade pra eu voltar pra rede. Erro de interpretação. Enfiei o rabo entre as pernas e fiquei rindo.
Saldo do dia: sem Facebook todo trabalho rende melhor e você pode variar suas atividades no tempo livre. Saldo de pessoas que notaram minha ausência: 1.
Dia 4:
Só conseguia me sentir bem! Mais privacidade, menos olho gordo. Quando você começa a pensar nos benefícios de ficar sem Facebook, parece que nem faz mais tanta falta. Imaginei a decepção dos stalkers indo procurar meu perfil pra saber da minha vida e dando com a cara na porta. Dei muitas risadas maléficas internamente, hahahahaha.
Nesse dia fui ao teatro, organizei a festa de aniversário do meu irmão, fiz várias coisas durante o dia e nem me lamentei pelo Facebook.
Saldo do dia: sem stalkers, sem olho gordo!
Dia 5:
É lindo você viver sem se preocupar com o que está acontecendo no outro mundo chamado "Facebook". Perdi fotos, eventos, aniversários das pessoas e não me senti nem um pouco mal por conta disso. Mergulhei de corpo e alma nas minhas pesquisas da monografia e nem lembrei que esse tal de Facebook existia. Fui ao shopping, à cafeteria, andei pra lá e pra cá...
Só que à noite entrei no Facebook por tabela quando minha mãe veio me mostrar algumas fotos. Ainda bem que foram só duas.
O Caio até começou a cogitar desativar o perfil dele também. Ele sempre foi meio avesso à essa rede, nunca ligou muito e só se manteve lá até hoje por pressão da minha parte. Minha mãe também comentou que quer desativar o dela junto comigo, já que ela sempre se irrita com coisas que acontecem na rede.
Saldo do dia: não estou perdendo LITERALMENTE nada ficando fora da rede; e ainda estou levando mais gente comigo, mesmo sem ter tentado convencer ninguém.
Dia 6:
Dei graças a Deus por não estar no Facebook, pois passei por uma situação em que fiquei irritada ao extremo e com certeza teria mandado uma maldita indireta se ainda estivesse na rede. Também agradeci por não ter que ficar vendo mil pessoas compartilhando sobre os mesmos assuntos e por não cair em tentação de me envolver em polêmicas, pois não consigo ver as coisas e ficar com a boca fechada (ou os dedos parados).
Nos últimos dias não senti absolutamente vontade, nem curiosidade NENHUMA de saber o que estava acontecendo por lá. Acabei me acostumando.
Saldo do dia: sem polêmicas e sem estresse na cabeça.
No fim da tarde precisei baixar um arquivo pro TCC e o site pedia login pelo Facebook. Como já estava completando o sétimo dia, pensei: não faz mal reativar rapidinho. Lá fui eu: digitei email, senha e... boom! 67 notificações e 1 mensagem. Abri as notificações e todas eram convites para eventos ou avisos de postagens em mil grupos inúteis. Fiquei frustrada, mas percebi que realmente não perdi nada nesses dias. Comecei a rolar pelo feed e vi tanta porcaria, tanto compartilhamento inútil, tanta gente pregando ser o que eu sei que não é, tanta gente querendo aparecer mais que o outro que pensei: parem o mundo que eu quero descer!! Percebi que realmente não quero estar na rede, pelo menos não agora. A não ser que eu PRECISE estar por algum motivo.
Não aguentei, desativei novamente e vamos ver onde isso vai dar...
Saldo do dia: a certeza de que realmente não quero isso pra mim no momento.
Sei que na maioria das vezes é melhor uma mudança gradativa, como retirar o aplicativo do celular, etc. Sei que a resolução de tudo está no equilíbrio. Acontece que eu não tenho vergonha na cara, muito menos disciplina pra isso. Comigo é 8 ou 80, porque sou a procrastinação em pessoa. Resolvi que iria desativar mesmo a conta, por tempo indeterminado. Pode ser que eu volte em 7 dias, 15 dias, ou quem sabe 1 mês ou 3. Não importa, vou respeitar meu tempo. Se for pra voltar amanhã, voltarei sem problemas.
O meu objetivo não é, nem nunca foi, juntar-me à paranoia anti-Facebook que o acusa de ser uma entidade que ataca a população inocente. É apenas uma tecnologia e, como tal, nós é que escolhemos como a usamos. Eu escolhi me afastar, simplesmente porque é muito difícil pra mim fazer um uso consciente, que não me afaste das fontes humanas de felicidade como contato com a natureza, liberdade e relações humanas íntimas, e não ficar hipnotizada por uma orgia deslumbrante de ilusões. E claro, a minha impaciência pra certas coisas que ando vendo por lá.
Mas acho que depois dessa experiência eu consegui perceber que consigo viver menos dependente dela sim! E continuarei prezando e pregando a gestão consciente do nosso tempo, o bem mais precioso que temos. E a valorização de pequenas outras coisas, tão mais importantes e que damos tão pouca atenção.
Obs.: O Facebook é covarde! Quando você clica em Configurações e "Desativar sua conta", ele mostra alguns dos seus amigos, e fala que eles irão sentir sua falta. Apelaram tanto que colocaram até minha mãe no meio. "1.205 de seus amigos não poderão mais manter contato com você". Pensei: que bom! E até parece que todas essas pessoas iam querer mesmo. Acreditem ou não: na primeira vez que desativei essa pressão psicológica do Facebook me fez exitar. Marquei a opção “Isso é temporário. Eu vou voltar” e pedi pra reativar sozinho dentro de 15 dias. Porque sou frouxa mesmo.
Toda essa odisseia sem Facebook ainda teve um agravante. Como bônus, excluí no mesmo dia, nos minutos seguintes, o meu Twitter. Sim, foi um combo. O Twitter é uma rede que eu usava para desabafos momentâneos, que eu visitava um dia, passava 1 semana sem visitar, depois entrava, postava, sumia por mais 2 semanas. Não tinha o app no celular, não era de conferir o feed, não mantinha contato com ninguém por lá. Enfim, não estava me servindo mais. Decidi que iria excluir, já que por lá não tem como desativar. O que consola é que seu perfil só é realmente excluído depois de 30 dias. Ou seja: eu tenho 30 dias pra me arrepender e voltar. Acredito que esses 30 dias serão uma prova se realmente consigo ou não ficar sem a rede.
Enfim, ficar sem o Twitter também piorou um pouco a situação de ficar sem Facebook, pois não tive um step, um lugar pra compartilhar links maneiros que via, músicas, pensamentos, etc. Foi um "isolamento" quase total mesmo.
Exclusão do Skoob e Ask.fm:
Esses eram dois perfis meio fantasmáticos, os quais eu não entrava ou mexia há MUITO tempo e só estavam lá pra ficar enchendo linguiça. Lembrei deles, entrei e excluí.
O que restou no fim das contas:
Por fim, mantive o Pinterest, porque ele me auxilia nas postagens aqui do blog e na minha organização criativa; o Whatsapp, pra sobreviver nessa selva de pedra, não perder contatos importantes, avisos, e relacionamentos; com o Filmow, que me auxilia nas minhas jornadas filmográficas, me organiza com relação ao que já vi e quero ver, etc.; e com o Instagram, que ainda é o que não estou preparada pra largar, mesmo que saiba que seria a exclusão mais necessária, já que não veria a felicidade dos outros (o que sempre me irrita) e não exibiria a minha. Aliás, já falei sobre a merda que o Instagram faz na minha vida nesse post. Mas, ainda não consigo largá-lo, apesar de já ter reduzido muito o movimento de ficar no feed vendo fotos alheias e também ter feito um decluttering de follow sinistro. Confesso que ainda preciso de umas curtidinhas pra alimentar meu ego, então mantive pra não morrer de fome.
O objetivo desse detox era também me desapegar do celular e passar o máximo de tempo longe dele, o que não aconteceu, já que todas as comunicações importantes se deram unicamente por meio de whatsapp. Agora começarei a pensar em uma alternativa pra esse último aí...
É isso, pessoas lindas!! Esse foi meu relato de vivência uma semana fora do Facebook e do Twitter. Não quero colocar isso como o certo, como uma verdade absoluta, foi só pra mostrar que a experiência foi válida e espero que tenha levado alguma reflexão para vocês também. Quem conseguiu ler tudo isso até o fim, me conte nos comentários o que achou!
E compartilhem no Facebook (ops, brincadeira, haha). Mil beijos e até mais.