Mono no aware é uma expressão japonesa de difícil tradução. Literalmente, significa “a tristeza das coisas.” Sim, as coisas têm tristezas. Especialmente as mais belas, como as flores de cerejeira, ou como o amor. Mono no aware é o estado de estupefação que nos encontramos quando observamos algo extremamente belo, ou quando vivemos um momento de imensa felicidade. Então, somos tomados pela consciência da transitoriedade de todas as coisas, da efemeridade da beleza superior e de súbito algo nos diz: "memento moris- lembre-se de que morrerás, de que este momento morrerá, de que esta flor de cerejeira morrerá, lembre-se de que tudo passa". É aí então que vem a tristeza, de saber que isso não é eterno. Quando em um momento de extrema felicidade você tem a consciência de que isso é só um momento, e passará, você é pego pela tristeza das coisas, mono no aware.
Mono no aware é o entendimento de que os mais belos momentos da vida vêm e passam. Em uma aceitação plena do transitório e do estado temporal da vida, os japoneses não tem muito apreço pela ideia de que uma flor possa desabrochar eternamente. Em vez disso, a maior beleza vem dentro das limitações de nossos ritmos de vida e morte anuais. Mono no aware nos chama para sentar-se abaixo das flores de cerejeira e ver como a árvore perde as flores. Ele nos diz para não lamentar o fim do verão, mas para se alegrar em suas horas finais.A expressão “mono no aware” pode significar também "sensibilidade para as coisas". Somos criaturas capazes de admiração e reverência. E nós podemos nos posicionar e posicionar nossos corações para sentir as coisas pesadas e maravilhosas. Mas, para escolher ver a beleza na passagem não é tarefa fácil. Devemos, primeiramente, arrematar nossas ilusões de controle e, em seguida, devemos dar um passo para trás e nos preparar para o espectro completo de tristeza-amor, a beleza, a perda.
Quero respeitar aquilo que é maior do que eu, o sol que nasce no Leste e se põe no Oeste, a gravidade que mantém meus pés perpetuamente no chão embaixo e o ritmo do tempo que diz a toda a criação: isto também passará. Que bom e que assim seja.
» imagem | john king