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Channel: Coisas Fúteis
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O yoga como tendência e algumas questões que surgem

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Celebridades em selfies de āsana representam muitas vezes o oposto da liberdade que o Yoga propõe como meta, já que alimentam a obsessão pelo “corpo perfeito” que seria, segundo o velho sofisma, o corpo feliz. Assim, a contagem obsessiva de calorias, a busca pela dieta ou pela prática mágica que vai finalmente tornar meu corpo aceitável, e a inevitável comparação com os corpos dos demais, só eternizam o círculo vicioso.
A discriminação contra qualquer tipo de corpo, contra qualquer forma ou biotipo que não se encaixe no padrão impossível da magreza extrema é tão inaceitável quanto o racismo, o sexismo ou a xenofobia. Porém, quanto mais o Yoga se populariza, parece que mais se reforça a identificação das práticas com essa ditadura da imagem do corpo “perfeito”. Assim, e apesar do Brasil ser o país da miscigenação, é raro ver em algumas salas de Yoga, pessoas que não sejam brancas, magras e jovens. Infelizmente.
Quando nos expomos à imagem de uma esbelta modelo num āsana complicado, sorrindo relaxadamente como quem não faz esforço algum, a mensagem implícita na foto pode afetar negativamente a nossa autoestima, uma vez que a nossa experiência prática nem sempre coincide com o que vemos. E isso não precisa acontecer dentro da sala de práticas: pode se revelar ao perceber a dificuldade para amarrar os próprios cadarços. Imagens de pessoas praticando āsanas são usadas hoje em dia para vender desde seguros de vida a alimentos, desde carros a viagens. Há de tudo: gente em posturas de meditação, yogis em āsanas de equilíbrio, alongamento ou força. Essas fotos têm um denominador comum: apresentam pessoas esguias, fortes, lindas, e aparentemente de bem com a vida, fazendo com a maior naturalidade ações que estão muito além do alcance da imensa maioria dos seres humanos. Todos, invariavelmente, sorrindo.
A imagem do Yoga que se projeta através dessas poses intimida muitas pessoas que se sentem acuadas pelo grau de dificuldade das ações ilustradas. O problema é que o tema não se limita ao mundo da publicidade: esse tipo de imagem é ubíqua também em selfies, redes sociais, publicações, blogs e revistas. Nessa esteira, há gente que pensa, legitimanente: “se o Yoga é para pessoas jovens, magras, bonitas e flexíveis, então não é para mim, pois não me encaixo em nenhuma dessas categorias”. O amigo leitor já se perguntou quantas pessoas desistiram de fazer Yoga por conta dessa imagem que se projeta dele?

Todas essas reflexões foram retiradas da página do professor Pedro Kupfer e são completamente acordadas por mim, Estefanie.

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