Depois de uma sequência de dias cinzas (literalmente), nada como dormir ensopando o travesseiro de lágrimas, acordar adiando o despertador, deixando compromissos pra depois. Acordar, tomar um banho quentinho, vestir um conjunto de moletom, fazer um chá mate, respirar fundo e apreciar o silêncio. Abrir todas as janelas da casa e deixar o ar puro entrar. Fazer a saudação ao sol, ouvir um mantra e terminar mais um livro da sua escritora preferida. Preparar um pequeno almoço nutritivo, sentar à mesa e apreciar cada dentada, cada explosão de sabor das especiarias utilizadas no preparo. Fazer uma máscara natural para os cabelos, uma massagem facial para tirar todas as tensões da semana, uma maquiagem leve, uma roupa colorida, aquele brinco étnico e um perfume fresco. Ir encontrar amigos, sua banda favorita no som do carro, aquela alpargata confortável, não esquentar com o caos do trânsito do fim de tarde de um sábado…
Ser assim, diferente da maioria das pessoas que conheço. Sem paciência pra pessoas pobres de espírito e, por isso, cada vez mais sozinha. Acordar repetindo "paciência" mentalmente, chegar em casa à noite, ir pra cama abraçando o travesseiro e lembrando da frase da minha avó que sempre me serve de consolo: antes só que mal acompanhada.