Eu não sei bem como aquele dia em Niterói mexeu tanto comigo, mas mexeu. A ponto de me fazer enxergar a vida sob outro ângulo. Ter visto pessoas tão diferentes deixou em mim uma necessidade de mudar e de me compreender, de ir, apesar de não saber bem como voltar, caso precisasse. Tudo cabia em mim, mas nada me preenchia. Com a cabeça encostada na janela do ônibus, vendo o sol se pôr na beira da estrada, eu pensei em tudo que queria ser e fazer antes que meu tempo por aqui acabasse. Era realmente hora de mudar. Os hábitos, as roupas, a alimentação, qualquer coisa. Qualquer coisa pra tentar entender o que aquele dia tinha tido de tão especial e diferente. Qualquer coisa para voltar a ter aquela sensação de plenitude e pertencimento que tinha passado por meus pulmões por questão de segundos.
Seriam os astros? A resposta não vinha. Eu estava me despindo de uma pele, uma carapaça. E de dentro dela surgia outra. Outra pessoa, muito melhor, muito mais iluminada e viva. Eu me sentia como uma
matrioshka, descobrindo outra, e mais outra, e mais outra dentro de mim. Eu estava transcendendo e não queria pensar muito nisso, apenas sentir o pedaço de existência feliz. Eu não queria ser contaminada por outra energia, por isso me retraí por uns dias depois da viagem, fechei-me um pouco para balanço, para reflexão. Era como nascer de novo, sair do útero materno e começar a ouvir os sons, sentir as texturas. Intensidade, essa era a palavra para descrever. Tudo passou a ser mais intenso na minha vida. De uma forma boa, é claro. Passei a valorizar muito mais os pequenos detalhes que antes passavam despercebidos. Uma faísca de alegria tomou todo meu corpo e agora não havia mais como voltar atrás. Ainda bem.
matrioshka, descobrindo outra, e mais outra, e mais outra dentro de mim. Eu estava transcendendo e não queria pensar muito nisso, apenas sentir o pedaço de existência feliz. Eu não queria ser contaminada por outra energia, por isso me retraí por uns dias depois da viagem, fechei-me um pouco para balanço, para reflexão. Era como nascer de novo, sair do útero materno e começar a ouvir os sons, sentir as texturas. Intensidade, essa era a palavra para descrever. Tudo passou a ser mais intenso na minha vida. De uma forma boa, é claro. Passei a valorizar muito mais os pequenos detalhes que antes passavam despercebidos. Uma faísca de alegria tomou todo meu corpo e agora não havia mais como voltar atrás. Ainda bem.