Imagem: Bruna Sussekind
O vento fresco soprando seu rosto limpo de maquiagem fará você se distrair e atravessar a avenida sem olhar para os lados. O caos, as buzinas, os cafés nas padarias, a selvageria meio aos arranha-céus: tudo para quando ela passa. As luzes da cidade não se comparam ao brilho que o olhar dela exprime ao falar das viagens que já fez por aí. A pinta nas costas dela te faz emudecer, a tatuagem dela é um enigma, o jeito como ela brinca com coisas ocultas, com uma alma leva que baila, te fará querer descobrir todos os encantos do mundo. Ela te faz querer escalar montanhas, atravessar o oceano e segurar um sorriso nas mãos.
Quando ela sai pela porta da frente, ela leva um pedaço do seu coração, eu sei. Ela é sóbria, tem raízes fortes, amedronta. Mas não se engane: ela é clara como os lírios brancos do campo. Veja além da sua capa, saiba lê-la nas entrelinhas, mastigue cada palavra, marque ela com um marca-páginas. Eu sei que o nome dela ecoa em sua cabeça como um mantra, que um pássaro azul bate asas no seu peito quando conta aos seus amigos que saiu com ela noite passada, mas se acalme. Fixe seu olhar na lua, no som do piano, na maciez da grama molhada de orvalho. Fixe-se nas notas, nas cores do pôr-do-sol, no cheiro de lavanda no ar. Acalme-se. Ela será sua.